Três anos depois

Março de 2021. Nesta semana faz três anos que eu abri o envelope. Quando eu me lembro que nem sabia quantos cromossomos a pessoa deve ter, como escrevi lá no alto, vejo o quanto eu já percorri em três anos. 

Eu me sinto como alguém que passou por muitos bocados, andando em terra estranha, sem saber qual vai ser a próxima luta. Sem saber quando e onde vou poder parar e descansar. Beber água… Deus tem sido bom pra mim. Ele providencia solução quando eu me abato. Ele me segura no colo quando preciso.

Pra ser bem sincera, minhas batalhas mudaram ao longo desse tempo. Parei de bater a cabeça com a escola – achei o lugarzinho dele no mundo e isso é reconfortante. Agora sou aquela mãe que diz pro filho adolescente: “não quer estudar, vai virar vagabundo? Então vai trabalhar para pagar as suas contas que eu não sustento marmanjo, não”.

É, ele dá uma trabalheira grande pra estudar. Tem uma preguiça congênita. Refiz recentemente os exames neuropsicológios. Funções executivas e velocidade de processamento precisam de um empurrãozinho. Ritalina melhora bem, pra falar a verdade.

Com a pandemia as coisas se complicaram bem: a academia, que regulava as taxas de colesterol, glicose e outros antídotos para diabetes, por exemplo, não existe mais. O apartamento onde morávamos com conforto ficou pequeno demais para aulas on line e teletrabalho – juntos e misturados. Comprei um cachorro, porque já que é para apelar, que seja com aventura – ou talvez terror.

Considero fugir para uma casa. As crianças, não só ele, de uma maneira geral, têm sofrido além da conta com o isolamento. 

Em três anos ele virou adolescente. Tipo assim mesmo. Um dia a chave virou.

O que para muitos pode ser sinal de problema, para mim é pura chuva de bênção vinda do céu. A pituitária foi a primeira a enviar testosterona. A glândula adrenal foi mais preguiçosa, mas finalmente acordou e o menino agora tem CC no braço. Bom sinal. Bom não. Excelente. Que venham os desodorantes!

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